Na OAB-AP, Comissão da Verdade Sobre a Escravidão Negra completa quatro meses de trabalho com grandes avanços

A Comissão da Verdade Sobre a Escravidão Negra da OAB Amapá completou quatro meses de trabalho com a nova composição, empossada no mês de fevereiro deste ano. 

Formada atualmente por sete advogados, a comissão tem o objetivo de investigar e elucidar como a escravidão negra ocorreu no Amapá, bem como discutir e recomendar ao governo do estado formas efetivas de reparação.

O atual presidente da Comissão, Dr. Dr. Eduardo Pereira, destaca importantes avanços conquistados, com ênfase na atuação dos atuais membros, que se reúnem virtualmente uma vez por semana, bem como atualização das redes sociais e eventos realizados com a Comissão Nacional e demais Seccionais, mesmo com a situação de pandemia em que o mundo está passando.  “Antes, o funcionamento se resumia à esporádicas reuniões. Hoje, já alcançamos nossos objetivos institucionais de forma, ou seja, temos as primeiras provas bibliográficas e documentais. Algumas inéditas, da prática da escravidão negra no Amapá”, acrescenta.

O advogado Danilo Martins, que foi primeiro presidente da Comissão, criada em 2017, afirma que “na primeira formação eu estava sozinho. Agora temos corpo de advogados e advogadas pretos e pretas que fazem os trabalhos acontecerem. Avançamos muito na organização interna, agora precisamos trazer o público externo para dentro da OAB, para que pesquisadores, quilombolas, movimentos sociais, movimentos culturais e instituições públicas ou privadas construam esse trabalho junto conosco”, declarou.

A advogada Allynne Suellen, que faz parte da Comissão, dentre quatro mulheres, disse que a pandemia de Covid-19 impediu de pôr em prática vários projetos, que serão efetivados assim que possível. “Temos grande preocupação com a efetividade dos nossos trabalhos, buscamos trazer resultados concretos para a comunidade”, ressaltou.

Resultados
Segundo apurou a Comissão, a presença negra no Estado do Amapá remonta à primeira metade do século XVIII, quando essa região fronteiriça era rota de fuga de africanos escravizados no Grão-Pará, Maranhão e na Guiana Francesa. A seguir, a fundação de três vilas coloniais (Macapá, em 1758; Vila Vistosa, em 1765 e Nova Mazagão, em 1770), impulsionou o tráfico negreiro e a formação de quilombos no extremo norte do Brasil, como o famoso Quilombo do Cunani. 
“Temos pessoas vivas cujos pais viveram antes da Lei Áurea. Pessoas vivas que estavam entre aqueles que foram removidos do centro para o Laguinho. É a memória dessas pessoas que precisamos registrar e perpetuar para curar a ferida ainda aberta da escravidão”, afirmou o advogado José Sousa, filho do conhecido erveiro negro, Mestre Sacaca.

“É para isso, que precisamos da participação de todos”, convidou José Sousa.

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